quarta-feira, 26 de agosto de 2015

TV Assembléia publica matéria sobre a Visão Mundial e seus 40 anos no Brasil.

A TV Assembleia publicou no dia 25 de Agosto uma matéria sobre as ações e os 40 anos da Visão Mundial Brasil. Segue a matéria na íntegra. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Sessão Solene na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará homenageia a Visão Mundial pelos seus 40 anos de atuação no Brasil

Um momento de alegria e de celebração. A Visão Mundial no Brasil, que celebra 40 anos, foi homenageada em sessão solene na Assembleia Legislativa na tarde desta segunda-feira (24/08), no Plenário 13 de Maio. A entidade é a maior organização em todo o mundo com foco no bem-estar de crianças, adolescentes e jovens. O evento atendeu requerimento do deputado Renato Roseno (Psol).



O parlamentar ressaltou a necessidade de compromisso com os direitos humanos, num momento crucial em que "vivemos ações de intolerância". "Muitas crianças e adolescentes tiveram suas vidas marcadas pela violação de direitos e tiveram suas vidas ceifadas precocemente. O Brasil é o segundo país do mundo em assassinatos dos jovens. Fortaleza, tristemente, é a pior capital entre as brasileiras em homicídios de adolescentes", alertou o deputado.


O gerente da Visão Mundial no Brasil-Regional Nordeste II, Carmilson Brito, lembra que a entidade atuou em momentos importantes de conflito no Ceará, como a luta dos índios Tabeba pela demarcação de suas terras no município de Caucaia. Em Fortaleza, a presença da entidade se consolidou em ações em bairros das Regionais V e VI, em parceria com as organizações Conselho de Integração Social – Integrasol, Conselho Nova Vida – Convida, Associação Santo Dias e Espaço Geração Cidadão de Arte e Cultura. “A arte, a música e o esporte podem revelar uma Fortaleza diferente do que sai nos canais de televisão. Um espaço que revela talentos demonstra que é possível resgatar a juventude”, analisa Carmilson.


Para Almir Alves de Lima, morador do bairro Bom Jardim e membro do Monitoramento Jovem de Políticas Públicas (MJPOP), boa parte da juventude anda calada e inconsciente de seus direitos. "A Visão Mundial me mostrou que a política pública não é feita pelo Governo. É coisa nossa, e nós (jovens) temos que tomar conta e monitorar. A juventude hoje está reprimida. Mas não vamos desistir. Sabemos que a luta é grande, mas não é impossível", defendeu.


A Assembleia concedeu placas de comemoração aos 40 anos da Visão Mundial no Brasil para assistente social e coordenadora da ONG Diaconia (unidade Fortaleza), Eliane Maria Lopes; para a promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional e Apoio aos Promotores da Infância e Juventude (CAOPIJ), Antônia Lima Sousa; e para o professor e pastor da Igreja de Cristo do Brasil, Carlos Pinheiro Queiroz.


A Sessão Solene também contou com apresentações artísticas de crianças e adolescentes do Grupo de Música e do Balé do Núcleo Integrasol que embalaram a todos com as músicas Asa Branca e Assum Preto de Luiz Gonzaga ao som de violão e flauta doce. 



A Visão Mundial atua no Brasil há 40 anos por meio de programas e projetos de combate às causas da pobreza e trabalhando em parceria com as comunidades. Em 2014, desenvolveu ações focadas em proteção infantil, educação, mobilização política de crianças adolescentes e oportunidades econômicas para jovens e famílias, beneficiando 189.858 pessoas diretamente e 569.574 indiretamente em dez estados brasileiros.


Participaram ainda da sessão solene o diretor da Visão Mundial no Brasil, João Helder Diniz; o secretário adjunto do Trabalho e Desenvolvimento Social, José Hermann Normando Almeida, representando o governador Camilo Santana; e Safira Maria Silva Costa, membro do MJPOP. O evento foi transmitido para todas e todos os telespectadores da TV Assembleia , TV Sinal de Aracati, e TV Verde Vale, de Juazeiro do Norte e ouvintes da rádio FM Assembleia.


*Texto extraído do canal da Assembléia Legislativa do Estado do Ceará com aditivos. 

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Assembléia Legislativa do Ceará realizará Sessão Solene em homenagem aos 40 anos da Visão Mundial Brasil

A Assembléia Legislativa do Ceará estará realizando uma Sessão Solene em comemoração aos 40 anos da Visão Mundial Brasil. O evento acontecerá no dia 24 de Agosto as 15h, no Planário 13 de Maio. 

 A Visão Mundial chegou ao Brasil em 1975, 14 anos após iniciar o apadrinhamento de crianças no país. Belo Horizonte (MG) recebeu o primeiro escritório da organização e era responsável pela supervisão da maioria dos trabalhos realizados na América do Sul. Em 1982, foi instalado o segundo escritório, dessa vez em Recife (PE).

Com o propósito de lutar contra a vulnerabilidade das comunidades, com foco na infância, a Visão Mundial já alcançou resultados expressivos em território brasileiro, contribuindo para a redução do índice de mortalidade infantil em dez vezes.

Em Fortaleza, a Visão Mundial  apoia crianças das Regionais V e VI através dos Núcleos Parceiros do Cluster Fortaleza. Atualmente são aproximadamente 14 mil crianças beneficiadas diretamente,  contribuindo assim com qualidade de vida para milhares de famílias e suas comunidades. 


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Cluster Fortaleza leva Metodologia Claves para a comunidade do Alagadiço Novo

As crianças e adolescentes da comunidade do Alagadiço Novo tiveram uma grata surpresa no final das férias: Era o Núcleo Sonho de Criança - Cluster Fortaleza, levando muita alegria e brincadeira para falar de um assunto sério: O abuso e a exploração sexual de crianças. 


Em parceria com a Igreja Evangélica Geração Restaurada, o núcleo utilizou a Metodologia Claves - Brincando nos fortalecemos para enfrentar situações difíceis, para falar sobre a temática e ensinar crianças e adolescentes como se proteger. A educadora Yasmim Freire do Núcleo Sonho de Criança fala do que foi esse momento para ela: "Não foi trabalho, foi um prazer. Facilitar esse momento e participar do desenvolvimento das crianças é o máximo. Esses três dias foram engraçados, edificantes e cheios de vida! Cresci e voltei a ser criança ao mesmo tempo."   

A importância dessa atividade está nos índices da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS): Só neste ano até maio de 2015, 381 crianças foram vítimas de exploração sexual, uma média de três casos por dia. 

Parabéns a toda equipe do Núcleo Sonho de Criança pela iniciativa. Prossigamos juntos na luta por uma infância mais protegida! 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Os dois Franciscos de Dona Cleonice

“A gente só vira gente quando temos o documento, sem documento a gente não é nada”. Foi com essa definição sobre a importância do documento de registro de nascimento, que dona Cleonice nos contou sobre a sua história e a luta para garantir os direitos de seus dois filhos. Nascida em Aquiraz, ela veio morar em Fortaleza aos 15 anos de idade. Aqui conheceu o seu Francisco um homem já adulto, que havia chegado em Fortaleza em 1983 vindo de Uruburetema-CE para trabalhar. Pai de cinco filhos de casamentos anteriores, foi com seu Francisco que dona Cleonice se apegou e começou a viver uma vida em comum. Juntos, Cleonice e Francisco moraram em vários bairros de Fortaleza entre eles Tancredo Neves, Jardim União, Genibaú e Planalto Airton Senna. E numa dessas mudanças dona Cleonice perdeu seus documentos. 

Na busca para retirar uma segunda via ela descobre que o Cartório onde poderia resolver seu problema facilmente, havia pegado fogo e todos os registros haviam se perdido. Nesse período ela engravida de seu primeiro filho. Mesmo com dificuldade de acesso ao sistema de saúde por conta da falta de documentos, dona Cleonice disse que resolvia “conversando”. Mas a gravidez de Francisco Alisson, o nome escolhido para o bebê não vinga. Aos seis meses foi constatado pelos médicos que ele é natimorto.  Seu Francisco interrompe a conversa para complementar: Quando a gente chegou no hospital, eu levava meus documentos e dizia os dados dela: nome, data de nascimento, mas eu dizia que ela se chamava Juliana e agora toda a comunidade a conhece assim, como Juliana – nos contou rindo. Na segunda gravidez, nasce Francisco Junior e na terceira Francisco Ítalo. Sem os documentos da dona Cleonice, seu Francisco pai, não consegue registrar as crianças. Sem autorização dos cartórios, ele vai tentando juntos aos locais que lhe indicam para iniciar o processo, mas em vão. Até que desistiram: “Eu tentei de todo jeito, mas eles não nos ajudaram. Falamos com o pessoal dos cartórios, do Conselho Tutelar, até com um candidato a deputado que prometeu nos ajudar e nada. Desistimos, porque o pobre para o rico só serve para trabalhar”. 

Eles fixaram residência na comunidade do Palmeiras em Messejana, situada na Regional VI, uma das áreas mais pobres de Fortaleza e onde cerca de 297 crianças não tiveram acesso ao documento de registro de nascimento. 17 anos se passaram e sem documentos, Francisco Junior e Francisco Ítalo tiveram suas vidas comprometidas. Nenhum dos meninos teve seu direitos básicos garantidos: não puderam se matricular numa unidade de ensino (mesmo sendo contra a lei negar acesso de uma criança a escola pública), não tiveram acesso a unidade de saúde e não puderam ter acesso aos benefícios do governo como o Bolsa Família. 


Nesse espaço de completa ociosidade, os meninos tomaram rumos diferente em suas vidas: Francisco Junior entre os 16 a 17 anos, se envolve em ações de conflito com a lei e foi preso. Seu pai aborrecido com o ato do filho se recusou a ajuda-lo: “Não dou cobertura a safado. Não fui nenhuma vez ver ele”. Dona Cleonice tomou atitude diferente: “Fui com ele em todos os momentos. Cheguei na delegacia e me informaram que eu tinha que trazer o documento dele, mas eu não tinha, eu não sabia o que fazer. Mas eu fiz tudo por ele, tudo o que eu podia”. Francisco Ítalo vai trabalhar com o pai numa carroça como reciclador de lixo. “Ele não me dá trabalho. Ele gosta de trabalhar e não gosta de se misturar com gente ruim” - fala o pai com certo orgulho. Caracterizado como exploração do trabalho infantil os pais são denunciados ao Conselho Tutelar pela infração. O Conselho Tutelar (órgão responsável para garantir os direito da criança e do adolescente) foi investigar a denúncia, porém só fez orientações a dona Cleonice, sem ações de encaminhamentos práticos.

E é nesse contexto que o Projeto Redes de Proteção da Visão Mundial encontra essa família e que a luta pelo registro de dona Cleonice e seus filhos é reiniciado. Com o apoio, dona Cleonice acreditou que as coisas agora seriam diferentes. Mas tanto o projeto Redes como a família sabiam que não seria um caminho fácil. Para resolver a questão do registro das crianças, o de dona Cleonice teria que ser resolvido. Após consultas junto aos cartórios de Fortaleza, a segunda via do registro dessa senhora foi finalmente emitido. Em posse do mesmo, dona Cleonice teve acesso pela primeira vez a sua carteira de identidade, CPF (Cadastro de Pessoa Física) e Título de Eleitor.


 Mas a luta estava apenas começando. Com o apoio direto do Projeto Redes, finalmente Francisco ítalo foi retirado do trabalho infantil e encaminhado para a escola, onde além das aulas normais, tem acompanhamento de reforço escolar e aulas socioeducativas de capoeira. Enquanto isso, o Projeto juntamente com a família foi a luta pelo registro dos meninos. Em contato com o Hospital onde as crianças nasceram, os registros que comprovariam o fato havia sido perdidos pela unidade de saúde. Por conta disso, o Ministério Público foi acionado para que garantisse os direitos desses agora adolescentes a tanto tempo negligenciados. Depois de uma longa batalha finalmente os registros de Francisco Junior e Francisco Ítalo é emitido. A sensação é de alegria.


Pergunto a dona Cleonice o que teria sido diferente se os registros tivessem ocorrido quando os meninos eram crianças e ela me responde: “Tudo seria diferente. Se eles tivessem tido o documento, eles teriam ido para escola mais cedo, teriam saúde e o bolsa família.” Pergunto pelo Francisco Junior: “Ele não mora mais aqui conosco. Aos 17 anos conheceu uma moça lá no Genibaú de 15 anos e se juntou (casou) com ela. Ele não dá mais trabalho, tá mudando com o casamento. Quando vem aqui em casa ela vem junto com ele."

Da esquerda para direita: Facilitadora de proteção, Dona Cleonice, Seu Francisco, membro da WVC, Manoel - membro da CPA.

E sonhos começam a surgir com a nova realidade: “Eu não sei se tenho sonhos assim. Quero voltar a morar no Planalto Ayrton Senna. Gostava de lá. E quero voltar a estudar!”. – Sério? perguntei. – "Sim, eu quero voltar a estudar, quero acompanhar os meus filhos” nos respondeu dona Cleonice com um sorriso tímido e cheio de esperança.